"Um gatinho faz com que voltar para casa se torne voltar para o lar. Pam Brown"

Os gatos anunciados para adoção nesse blog, foram resgatados em situações de risco, abandono e sofrimento. Foram cuidados, tratados e serão encaminhados somente para lares onde não terão acesso a rua, casas com quintal fechado ou apartamento telado. Todos serão castrados para que o abandono não se perpetue, pelo menos não em minhas mãos...



sexta-feira, 30 de abril de 2010

ODE AO GATO (Artur da Távola)


Nada é mais incômodo para a arrogância humana que o silencioso bastar-se dos gatos. O só pedir a quem amam. O só amar a quem os merece. O homem quer o bicho espojado, submisso, cheio de súplica, temor, reverência, obediência. O gato não satisfaz as necessidades doentias de amor. Só às saudáveis.

Já viu gato amestrado, de chapeuzinho ridículo, obedecendo às ordens de um pilantra que vive às custas dele? Não! Até o bondoso elefante veste saiote e dança valsa no circo. O leal cachorro no fundo compreende as agruras do dono e faz a gentileza de ganhar a vida por ele. O leão e o tigre se amesquinham na jaula. Gato não. Só aceita relação de independência e afeto. E como não cede ao homem, mesmo quando dele dependente, é chamado de traiçoeiro, egoísta, safado, espertalhão ou falso.

"Falso", porque não aceita a nossa falsidade e só admite afeto com troca e respeito pela individualidade. O gato não gosta de alguém porque precisa gostar para se sentir melhor. Ele gosta pelo amor que lhe é próprio, que é dele e o dá se quiser.

O gato devolve ao homem a exata medida da relação que dele parte. Sábio, é espelho. O gato é zen. O gato é Tao. Conhece o segredo da não-ação que não é inação. Nada pede a quem não o quer. Exigente com quem o ama, mas só depois de muito certificar-se. Não pede amor, mas se se lhe dá, então o exige.

O gato não pede amor. Nem dele depende. Mas, quando o sente, é capaz de amar muito. Discretamente, porém, sem derramar-se. O gato é um italiano educado na Inglaterra. Sente como um italiano mas se comporta como um lorde inglês.

Quem não se relaciona bem com o próprio inconsciente não transa o gato. Ele aparece, então, como ameaça, porque representa a relação sempre precária do homem com o (próprio) mistério. O gato não se relaciona com a aparência do homem. Vê além, por dentro e avesso. Relaciona-se com a essência.

Se o gesto de carinho é medroso ou substitui inaceitáveis (mas existentes) impulsos secretos de agressão, o gato sabe. E se defende do afago. A relação dele é com o que está oculto, guardado e nem nós queremos, sabemos ou podemos ver. Por isso, quando esboça um gesto de entrega, de subida no colo ou manifestação de afeto, é muito verdadeiro, impulso que não pode ser desdenhado. É um gesto de confiança que honra quem o recebe; significa um julgamento.

O homem não sabe ver o gato, mas o gato sabe ver o homem. Se há desarmonia real ou latente, o gato sente. Se há solidão, ele sabe e atenua como pode (enfrenta a própria solidão de maneira muito mais valente que nós).

Se há pessoas agressivas em torno ou carregadas de maus fluidos, eles se afastam. Nada dizem, não reclamam. Afastam-se. Quem não os sabe "ler" pensa que "eles não estão ali", "saíram" ou "sei lá onde o gato se meteu". Não é isso! É preciso compreender por que o gato não está ali. Presente ou ausente, ensina e manifesta algo. Perto ou longe, olhando ou fingindo não ver, está comunicando códigos que nem sempre (ou quase nunca) sabemos traduzir.

O gato vê mais, vê dentro e além de nós. Relaciona-se com fluidos, auras, fantasmas amigos e opressores. O gato é médium, bruxo, alquimista e parapsicólogo. É uma chance de meditação permanente a nosso lado, a ensinar paciência, atenção, silêncio e mistério.

Monge, refinado, silencioso, meditativo e sábio, a nos devolver as perguntas medrosas esperando que encontremos o caminho na sua busca, em vez de o querer preparado, já conhecido e trilhado. O gato sempre responde com uma nova questão, remetendo-nos à pesquisa permanente do real, à busca incessante, à certeza de que cada segundo contém a possibilidade de criatividade e novas inter-relações, infinitas, entre as coisas.

O gato é uma lição diária de afeto verdadeiro e fiel. Suas manifestações são íntimas e profundas. Exigem recolhimento, entrega, atenção. Desatentos não agradam os gatos. Bulhosos os irritam. Tudo o que precisa de promoção ou explicação os assusta. Ingratos os desgostam. Falastrões os entediam. O gato não quer explicação, quer afirmação. Vive do verdadeiro e não se ilude com aparências. Ninguém, em toda a natureza, aprendeu a bastar-se (até na higiene) a si mesmo como o gato!

Lição de sono e de musculação, o gato nos ensina todas as posições de respiração ioga. Ensina a dormir com entrega total e diluição recuperante no Cosmos. Ensina a espreguiçar-se com a massagem mais completa em todos os músculos, preparando-os para a ação imediata. Se os preparadores físicos aprendessem o aquecimento do gato, os jogadores reservas não levariam tanto tempo (quase quinze minutos) se aquecendo para entrar em campo. O gato sai do sono para o máximo de ação, tensão e elasticidade num segundo. Conhece o desempenho preciso e milimétrico de cada parte do seu corpo, ao qual ama e preserva como a um templo.

Lições de saúde sexual e sensualidade. Lição de envolvimento amoroso com dedicação integral de vários dias. Lição de organização familiar e de definição de espaço próprio e território pessoal. Lição de anatomia, equilíbrio, desempenho muscular. Lição de salto. Lição de silêncio. Lição de descanso. Lição de introversão. Lição de contato com o mistério, o escuro e a sombra. Lição de religiosidade sem ícones.

Lição de alimentação e requinte. Lição de bom gosto e senso de oportunidade. Lição de vida e elegância, a mais completa, diária, silenciosa, educada, sem cobranças, sem veemências ou exageros e incontinências.

O gato é um monge portátil sempre à disposição de quem o saiba perceber.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Dicas de como cuidar bem de seu bichinho!



Essas são as dicas de uma amiga, a Stella que tem uma gatinha, a Bijoux que ficou muito doente e em nenhum momento pensou em desistir dela. Uma lição para muitos!!!

Não mate seu animal antes da hora, LUTE por ele!!!!

1 - se seu gato está agindo estranho (por exemplo, comendo a areia do banheirinho) não espere para ver se continua. leve o gato no veterinário o quanto antes. gatos adoecem rapidamente, devido ao metabolismo, e o que não era grave num dia pode ser grave no outro.

2 - nunca espere para fazer um exame depois do fim de semana. pode ser tarde demais. ande, corra, cozinhe o juízo do seu veterinário. ele tem outros pacientes para se preocupar; o seu gato (ou cachorro, ou hamster, ou calopsita ou jibóia) é SUA prioridade. corra atrás.

3 - cerque-se de amigos. amigos conhecem pessoas, amigos indicam veterinários, amigos dão uma força, amigos dão colo. amigos ouvem e têm boas idéias. foi através de amigos (a alessandra e o marcos) que conseguimos o primeira doador de sangue para a Bijoux, o gato Otto.

4 - bicho não tem plano de saúde e o tratamento é caro. vai ser um desfalque na sua conta, mas é assim com todo mundo. pode conversar que você chega num acordo que vai caber no seu bolso, nem que seja parcelando.

5 - seja organizado. escreva toda a história da doença do seu bichinho, faça um cronograma. na hora da consulta você pode esquecer alguma coisa. faça um esquema com os horários dos remédios, marque um X depois de dá-los ao seu bichinho. leve esses papéis ao veterinário. guarde todos os exames e esses papéis numa pasta ou num envelope. ajuda prá caramba.

6 - como aqui foram duas doentes ao mesmo tempo (muriel recém operada de câncer de mama e bijoux anêmica e depois recém-operada do baço-monstro) pegue duas embalagens de plástico (as de sorvete são perfeitas) e escreva o nome dos doentes. os remédios ficam dentro. caso prefira mais segurança, escreva o nome no frasco ou na cartela. cole o esquema dos remédios acima delas.

7 - eu quase dei a dosagem errada do remédio da bijoux uma vez porque estava cansada e confundi os frascos. peguei a caneta de escrever em cd e escrevi, na tampa, a inicial de cada remédio. nunca mais errei.

8 - se vai dar comprimidos pela metade, compre um cortador de comprimidos na farmácia. é barato, algumas dão como brinde. se o comprimido for de cartela, deixe a parte metálica de um e cole um pedacinho de esparadrapo por cima, permitindo abrir e fechar sem problema. desse jeito, a metade que você guardar não vai se perder ou se sujar com alguma coisa.

9 - horários de remédio são sagrados, mas cinco minutos a mais ou a menos não fazem seu bichinho correr risco de vida. a não ser que o veterinário diga isso.

10 - respire. respire. respire. você tem que ficar atento e forte por seu bichinho. não enlouqueça. seus amigos, seus amores vão entender que você está passando por um momento difícil. aceite ajuda. você não vai conseguir se distrair se a doença for grave, mas é necessário comer, dormir e manter o nível mínimo de sanindade.

11 - Não mate o seu gato antes da hora. Suspeita de alguma doença não significa que o gato a tenha. E mesmo que fique comprovado que ele um câncer, não quer dizer, necessariamente, que ele não possa ficar curado. Esgote todas as possibilidades antes. A esperança é a última que morre.

12- e o mais importante - não desista. lute por seu bichinho enquanto ele lutar.


Por Stella Cavalcanti.